O “adevogado” e o paralepípedo”

sexta-feira, 21 de novembro de 2014


Fernando Baiano, tá maus de “adevogado”. Mário Oliveira Filho, além de escoicear o vernáculo, ainda diz que acha suborno a coisa mais natural do mundo.

Para o jurista Wálter Maierovitch, as palavras do advogado revelam a tática da defesa: alegar que os empreiteiros foram vítimas de extorsão, de que foram obrigados a pagar para trabalhar.

"É uma linha de defesa que tem uma consistência de uma pluma no ar. Porque a extorsão implica em constrangimento diante violência física ou grave ameaça. As empresas foram, se foram, docilmente constrangidas, vale dizer, montaram um próprio esquema para pagarem propina onde na realidade não desembolsavam nem um tostão. E um esquema que proporcionava lucros extras. Então, na realidade, a grande vítima dessa história toda e do jeito que está até agora é a Petrobras e evidentemente a sociedade civil, o cidadão brasileiro", destaca.

Nas ruas de São Paulo, a equipe do Jornal Nacional ouviu muitas críticas ao defensor.

“Eu fico indignada de um advogado dizer isso! Está sendo conivente com o cliente dele, está errado”, disse Maria Auxiliadora Gonçalves, médica.

“Ele foi infeliz quando fez essa colocação. Ele tem o direito de defender seu cliente, mas poderia usar outros argumentos”, avaliou Barbara Gonçalves, advogada.

“Eu acho esse negócio de propina, isso é errado", disse José Aparecido da Silva, encanador.

O certo é certo, mesmo que ninguém esteja fazendo. E o errado é errado, mesmo que todo mundo esteja fazendo. Não justifica", destaca Adélia Lopes, administradora.

O diretor da ONG Transparência Brasil concorda: existe corrupção. Mas ele condena o argumento usado pelo advogado que defende Fernando Soares.

“A concussão que é esse processo de o agente público ir lá e extorquir um cidadão, uma empresa. Isso acontece. Agora, você dizer que todo e qualquer caso de corrupção que aconteça em licitações públicas é devido a concussão é conversa afiada de advogado”, diz Cláudio Webber Abramo.

Para a filósofa Viviane Mosé, a posição do advogado retrata uma realidade, que a sociedade pode mudar.

"A burocracia hoje ao invés de proteger o Estado da corrupção, ela favorece a corrupção, porque ela é lenta, ela produz uma lentidão muito grande. E nós temos hoje ferramentas que poderia resolver esse problema: novos modelos de gestão mais rápidos, mais ágeis, com mais transparência. Nós poderíamos, se nos dispuséssemos a isso, acompanhar todos os gastos públicos via web", destaca a filósofa.

A declaração do advogado também foi comentada por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Sem dúvida nenhuma, é muito grave. Mas eu não acredito que seja assim. Eu tendo a acreditar que há atividades normais. Acho que esse tipo de situação é excepcional. Agora, diante da vastidão, da imensidão deste caso, sem dúvida nenhuma, nós temos que nos preocupar”, disse o ministro Gilmar Mendes.

“Estarrece a sociedade em geral, mas eu atribuo isso a um arroubo de retórica e a uma simples tentativa de defesa”,  destaca o ministro Marco Aurélio.

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